Mais uma vez os fatos comprovam que a união e pressão popular tem força. A casa do eterno beatle Ringo Starr esteve próxima de ser totalmente destruída pelo governo de Liverpool. Os representantes municipais pretendiam derrubar a residência, localizada no número 9 da Rua Madryn, onde Ringo nasceu e viveu por alguns meses, assim como outras 400 casas da região.
O curioso é que relatos informam que a manifestação do povo inglês não necessariamente tinha como principal ponto de vista o fato da residência ser histórica por ter abrigado um beatle, mas sim que grande parte destas casas que estavam na guilhotina possuíam um bom estado e poderiam ser reaproveitadas por outras famílias e futuros moradores.
Em frente ao imóvel, o Secretário de Estado britânico Grant Shapps concedeu uma entrevista e disse que a decisão por não colocar a casa de Ringo no plano de restauração do bairro Welsh Streets, deve-se ao fato da residência ser um dos exemplos mais significativos da beatlemania.
Obviamente, qualquer um dos quatro fantásticos músicos da banda de Liverpool e seus pertences devem ser preservados, pois fazem parte da história de Liverpool, do Reino Unido e, principalmente, do mundo todo. Porém, o grande fato a se observar é a grande preocupação do governo (quando pressionado) de reconhecer a música como um orgulho fundamental de seu povo e de seu território. Os Beatles são uma nação, com população, bandeira e hinos próprios, mas a música, quando bem feita e relevante, também é. Diariamente vemos desastres artísticos acontecerem nos arredores das grandes cidades brasileiras. Teatros aos pedaços, abandonados e inativos como uma poluição visual qualquer. A obra de arte é um dos maiores bens de uma sociedade e são elas que tornam a época em que vivemos importante, pois elas registram e relatam todo o ambiente vivido naqueles tempos.
É nossa obrigação preservar todo e qualquer patrimônio histórico, seja móvel ou imóvel; e é uma obrigação ainda maior do governo municipal, estadual e federal proteger e defender estes solos tão sagrados. Fica o exemplo de Ringo para a nossa tão rica cultura, para que demos mais importância a lugares como o abandonado Belas Artes, o Centro Histórico de São Paulo e seus arredores, entre muitos outros locais que receberam e abrigaram tantos gênios, não só da música, mas da arte como um todo.
Por: João Victor Vieira (Colaborador Reduto do Rock)
Foto da casa de Ringo Starr: por Paul Ellis/AFP
Como é visível e invejável a cultura histórica do povo europeu. Totalmente diferente do Brasil, onde demolimos patrimônios históricos em prol da falsa sensação de desenvolvimento. É triste ver um prédio histórico dar lugar a um estacionamento de carros.